segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Córdoba - Espanha - Parte 1

Fizemos esta viagem em Julho de 2016, na considerada época de baixa temporada. Sim... enquanto alguns lugares fervem de turistas no verão, outros fervem de calor e os turistas fogem. Córdoba é exatamente este lugar. Muito, muito quente no verão. Pegamos 3 dias de temperaturas acima de 40 graus, com sensação térmica que preferi nem saber.

Nossa ideia inicial, era fazer toda a Andaluzia de uma só vez, durante o período de término do trabalho do marido, antes de voltarmos ao Brasil de vez. Mas por questões de promoções de passagens (avião ou trem), fomos colocando outros destinos na frente e acabou de fizemos a Andaluzia de forma picada. Eu indico fazer tudo de uma vez só por conta das proximidades entre uma cidade e outra. Mas para quem como nós, não tiver a oportunidade de viajar e conhecer "toda" a Andaluzia de uma só vez... vamos as minhas dicas.

Para quem não não sabe, Córdoba é conhecida como a Cidade das Três Culturas e durante anos, judeus, cristão e muçulmanos viveram pacificamente. E é por isto que a cidade é tão rica culturalmente.

A distância entre Barcelona e Córdoba é de cerca de 710 km e esta distância é facilmente percorrida em mais ou menos 5 horas pelo trem de alta velocidade (ave).


Para hotel, nós optamos por um que ficasse perto do centro turístico e que tivesse boas opções de restaurantes a uma rápida caminhada. O escolhido foi o Eurostars Palace. A escolha foi mais que acertada em termos de localização, conforto, preço... mas tivemos tantos problemas no hotel que fico meio receosa em indicar. Depois de horas dentro de um trem, chegamos na estação e nos dirigimos para o hotel a pé. Seria uma caminhada de 15 minutos e como estávamos somente com mochilas, não seria nada complicado, como não foi.


Chegando no hotel, todos os quartos standard estavam ocupados. Como nossa reserva estava paga, depois de quase uma hora de espera, nos deram um upgrade. Perfeito. Quarto enorme, com uma banheira deliciosa, travesseiros divinos... adoramos.







Como já estava noite, tomamos banho, trocamos de roupa e fomos jantar/conhecer o Mercado Victoria que ficava pertinho do hotel.






 



Eu particularmente adorei o lugar. A primeira vista, me pareceu o Palácio de Cristal de Petrópolis. Com sua estrutura toda de ferro e vidros, dentro do Mercado, vc encontra vários restaurantes com opções de comidas e aperitivos para todos os gostoso. O local fica lotado de turistas e residentes e nem assim perde o charme.

No dia seguinte, acordamos cedo e descemos para o café da manhã. Nossa reserva incluía café da manhã. Geralmente opto por esta opção quando o café da manhã tem um preço razoável. E qual a surpresa??? O hotel nos informou que nossa reserva não nos dava direito ao café da manhã mesmo o papel de comprovação da reserva constar o pagamento desta opção. Falamos... falamos... e além de não nos darem atenção, ainda sofremos discriminação por parte de uma atendente que nos olhava com cara de desprezo e dando a entender que devíamos estar agradecendo o upgrade de quarto.

Resolvemos então não nos aborrecer mais e resolver o problema na volta para Barcelona. Pegamos nossas coisas e fomos tomar café no centro turístico.

Nos encaminhamos então para a Puerta de Almodovar. Diferente do que vemos em Barcelona onde quase não se vê a muralha que protegia a cidade, a muralha de Córdoba está incrivelmente bem preservada. Sobraram apenas 3 portas que levavam (e levam) para dentro da cidade amuralhada e a mais famosa é a Puerta de Almodovar datada do século XIV.


Logo ali na entrada, tinha um café muito gostosinho onde tomamos nossa café da manhã com torradas, chocolate quente e suco de laranja. De lá, partimos rumo a descobrir a cidade amuralhada que é simplesmente uma gracinha !!!



Nossa primeira parada, ficou por conta da famosa Mezquita-Catedral. Você pode até nunca ter ouvido falar deste lugar, mas com certeza, terá visto uma foto dela alguma vez na vida.

A Mezquita-Catedral, patrimônio da Humanidade desde 1984, é considerado o Monumento mais importante do ocidente islâmico. Começou a ser construída em 785 para ser uma Mesquita e chegou a ser considerada a segunda maior Mesquita do mundo, perdendo apenas para a Mesquita de Meca. Em 1238 após a reconquista Cristã, virou uma Catedral.



Os traços árabes misturados com a suntuosidade cristã, é algo impressionante. Eu acho que nunca encontrarei palavras para descrever o local. É simplesmente divino e as fotos não retratam a beleza do lugar.







 



Acho que ficamos umas 2 horas lá dentro. O local para visitação é enorme.

A entrada é paga (atualmente, 8 euros), mas em horário de missa (8h30 a 9h30, de segunda a sábado) dá pra entrar de graça. Só é preciso fazer silêncio.Para menores de 10 anos, a entrada é gratuita.


Para informações completas sobre horários e preços: http://www.mezquitadecordoba.org/horarios-mezquita-cordoba.asp

Da Mezquita, fomos caminhando em direção a Puente Romano, construída pelos Romanos no século 1 e reconstruída pelos Árabes (e local de gravação para um dos episódios de Game of Thrones). Do outro lado da ponte, fica a Torre de la Calahorra que abriga o Museu Vivo de Al-Andalus. Apesar de ser todo interativo, não nos animamos em subir.






Atravessamos a ponte de volta a cidade e nos encaminhamos para o Alcazár de los Reys Cristianos, um Palácio Fortaleza Medieval totalmente reconstruído a partir de 1236 por Afonso X.

O Palácio em si não me chamou muito a atenção apesar de muito bem conservado e cheio de placas explicativas.






Já o jardim ... é espetacular. Não pegamos o auge das flores, mas mesmo assim, estava lindo.







O ingresso custou 4.50 e nossa pequena de 4 anos não pagou nada. O ingresso dava direito a visita diurna e noturna, porém depois de um dia inteiro andando de baixo de um sol escaldante... não tivemos forças para fazer o tour noturno.

Maiores informações:  http://www.alcazardelosreyescristianos.cordoba.es/index.php?id=3

Quase em frente ao Alcazár, paramos para almoçar bem em frente as muralhas da cidade...



... e após o almoço e corremos para visitar os Baños del Alcázar Califal. Diferentemente do que acontece na maior parte das cidades onde durante o inverno todas as atrações turísticas fecham mais cedo, mas cidades com altas temperaturas do verão, tudo fechava mais cedo e os Baños não foi diferente.

Encontrados por acidente em 1903 e novamente enterrados, só vieram "a luz"entre 1961 e 1964. Durante a visita, passamos por várias salas e todas elas possuíam placas explicativas mostrando o que era cada lugar e como funcionava o banho na época do Alhakem II.







Saindo dali, resolvemos nos perder pelas ruazinhas da Judería ou bairro Judeu, que fica no coração da cidade muralhada. Este local, ganhou o nome de Judería pois entre os  séculos X e XV  só  Judeus moravam ali.


É neste local onde visitamos a Sinagoga, construída em 1315. Após a expulsão dos Judeus da Espanha em 1492, o edifício acabou tendo outras funções como hospital e até escola. Em 1885 foi Declarado Monumento Nacional e foi restaurado diversas vezes, até ser reaberto ao público em 1985.

O local de visitação é bem pequenininho, formado pelo vestíbulo e logo depois a sala de oração.



Chegamos lá quase na hora do fechamento, então não tivemos muito tempo para admirar o local.

De lá continuamos nossa caminhada, nos perdendo pelas ruas estreitas, por diversos pátios (jardins particulares), salões de chá, lojinhas... e chegamos na mais famosa rua da cidade: Calleja de las Flores (Rua das Flores). Confesso que achei a rua uma viela. Muitoooo estreita e com tantos grupos de pessoas passando, que ficou quase inviável tirar uma boa foto. A rua não estava com tantas flores assim, apesar dos inúmeros vasos pendurados nas paredes... e vi outros locais mais bonitos. A rua termina em uma pequena pracinha de onde podemos ver a torre da Catedral.






Calleja de las Flores (Rua das Flores)




De lá fomos caminhando em direção ao nosso último ponto turístico do dia: Templo Romano.





O Templo Romano, é o único templo que teve a cidade, mas foi sem dúvida o mais importante. Construído entre os anos de 41 e 54 para o culto imperial. Atualmente, os únicos restos deixados do edifício são a sua fundação, a escadaria, o altar e alguns eixos de colunas. 


Como anoitecia tarde, no caminho de volta para o hotel, passamos no El Corte Inglês para comprarmos água e alguns lanches para o dia seguinte e depois nos jogamos na piscina.

A noite, fomos jantar novamente no Mercado Victoria e pude me deliciar com o Vino de Verano. A receita original do século 20, criado em Córdoba, é uma mistura deliciosa de vinho tinto, gaseosa e gelo. Mas eu acabei tomando uma versão mais rebuscada com Vinho tinto, gengibre, pimenta rosa e espuminha de limão em cima. Super refrescante para o alto verão de Córdoba.




OBS: Durante as primeiras semanas de Maio, declarada pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a Fiesta de Los Patios de Córdoba celebra os pátios floridos de Córdoba. As construções em Córdoba, foram feitas em volta de um pátio que geralmente abrigava uma fonte ou um poço para armazenar a água da chuva. São mais de 600 pátios espalhados em Alcázar Viejo e perto da Mezquita Catedral.
Geralmente enquanto você passeia pelas ruas, vc vai vendo estes famosos pátios, mas como eles fazem parte de residências, estão fechados e vc não tem acesso a eles. Este festival vem para abrir os pátios aos turistas. Além das visitas aos pátios, você ainda pode curtir shows de flamenco, ciclos de músicas espanholas e etc.
Se puder escolher uma data para conhecer Córdoba... escolher início de Maio é uma boa opção.