quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A SÍNDROME DA LOJA DE DOCES

Por que temos tamanha dificuldade em manter o compromisso de amor com uma única pessoa por longos períodos?


Escutei a pergunta e as várias tentativas de respostas naquele evento. Algumas interessantes. Outras, completamente absurdas.


A mesa estava completa. Apenas dois homens (eu e um ator muito conhecido) e dez ou onze mulheres. Em um lado da mesa, estava a autora e palestrante Rosana Braga, que atuava como facilitadora, para que aquele grupo chegasse sozinho as próprias conclusões.


Era um encontro no qual Rosana coloca um tema para discussão e vai acompanhando o grupo para que não se percam. Mas ela não interfere, nas conclusões do grupo.


Eu fui convidado por apresentar um workshop, com ela, e poderia captar algo interessante durante o encontro. E foi o que aconteceu.


Durante certo tempo, escutei constrangido opiniões sem nenhum sentido, cheias das obviedades que escutamos todos os dias - do tipo "homem é tudo igual", "o amor é uma ilusão", "eu sou livre e quero permanecer livre", a pessoa que me quiser terá que me aceitar exatamente como eu sou"... e um amontoado de curiosos lugares-comuns.


Eu já estava começando a achar que não havia muito que aprender ali até que uma moça disse de maneira bastante clara: "o problema do amor é a síndrome da loja de doces". Minha atenção foi chamada imediatamente. E a atenção do grupo todo.


Síndrome da loja de doces? "O que é isso", perguntei? E durante quase 30 minutos o grupo se envolveu em um acalorado e interessante debate, até que algumas coisas ficaram muito claras:


1. Por que namoros, casamentos e vidas de um casal têm duração estatisticamente muito mais longa no interior (de qualquer país) do que nas capitais?


2. Por que algumas pessoas têm tamanha dificuldade em manter relacionamentos consistentemente longos?


3. Por que parece haver sempre alguém "mais perfeito" para nós? - especialmente alguém diferente da pessoa com a qual estamos?


Estas e inúmeras outras questões podem ser respondidas simplesmente analisando a "síndrome da loja de doces".


Veja que interessante: Quando entramos em uma loja de doces, imediatamente nossa atenção é chamada para... o primeiro doce que aparece. Então damos uma bela olhada na vitrine e um dos doces chama nossa atenção. Depois de alguns segundos, outro doce, de aparência igualmente deliciosa, também chama nossa atenção. Mesmo quando estamos já na metade do primeiro doce, os olhos continuam a olhar as vitrines. E a dúvida surge. Não seria melhor ter escolhido aquele outro? Parece mais gostoso.


Parece melhor para minha saúde. Parece... perfeito para mim agora. Neste momento, alguns de nós simplesmente pensam: "se eu entrar aqui outra vez, escolherei aquele doce para experimentar". Outros testam o segundo doce, mesmo antes de terminar o primeiro. Há, ainda, os que -- enquanto estão no segundo doce - já começam a olhar para o terceiro...


Já deu para entender, não é? A única coisa pior do que não ter opções é ter opções demais. Isso explica a síndrome de excesso de peso nas populações de regiões economicamente melhores, assim como explica o excesso de divórcios, separações e lágrimas nas regiões supostamente mais “modernas”.


Sempre há um doce melhor na loja. Testar todos os doces é o melhor modo de não ficar com nenhum muito tempo. Por isso, você precisa entender que nunca vai encontrar alguém que seja superior em tudo. Todos nós somos superiores em determinadas áreas da vida, mas sempre haverá alguém melhor que nós, em algum lugar. Sempre. Um homem ou mulher mais saudável, com mais riquezas, mais beleza, mais sensibilidade e mais qualquer coisa que você pense.


Não importa o que esteja em sua cabeça agora, sempre haverá alguém que tenha pelo menos uma dessas características em maior grau.


Mas há um problema. Raramente uma característica mantém o relacionamento e o compromisso por muito tempo. São necessárias diversas características complementares e o compromisso de ficar com essas características mesmo quando surge alguém que seja superior em uma, ou algumas, delas. Porque se você cair no golpe que a publicidade adora dar nas pessoas, vai achar que o importante é testar os doces, para escolher o melhor. Enquanto isso, o melhor vai azedar e você acabara perdendo-o.


A vida não é uma loja de doces. E, se for, lembre-se de que quem tudo quer, tudo perde.


Escolha o doce e pare de comparar o tempo todo com outros. A comparação deve acontecer antes da escolha, com muito cuidado. Quem compara, depois, sempre sente que está perdendo algo. Quem sente isso, se comporta para deixar de perder e, ironicamente, acaba perdendo algo ainda melhor.





Aldo Novak



autor do livro O Segredo Para Realizar Seus Sonhos, da editora Ediouro (http://www.OSegredoParaSeusSonhos.com.br/ )


OBS:

Eu já encontrei o meu doce e você ???



Bom doce para você.


Beijinhos !!!!!!!!!

3 comentários:

GIL disse...

Maitê, muito legal este post, escolho muito, observo, penso....conclusão fiz a escolha de uma pessoa que seria um ótimo pai, pois tinha uma filha e sofria demais, então casei fui mãe dessa criança de 5 anos e tive outro, foi o melhor pai do mundo e o melhor marido 30 anos de casada e felicidade total....ele vibra em ter familia....escolhí um doce com um pedacinho a mais.....doce e meiga.....bjks...Gil

Sandrinha disse...

Maitê,
Maravilhoso!!!
Tbm já encontrei o meu, vai fazer 29 anos.
E não troco por outro, de jeito nemhum!......rsrsrs.
Bom sonhos!
Beijinhos doces!!!

Anônimo disse...

Oi Maitê!

Sempre passo aqui no seu blog, mas nunca comentei! Fico sem graça de comentar como "anônimo", rs!

Amei o texto! Bom p/ reflexão!

Bjo gde e parabéns pelo espaço! Super fofo!

Patricia Torres.