terça-feira, 27 de abril de 2010

O piano...

Boa noite meninas !!!!

Hoje eu dei uma sumida básica ... fui ao curso de manhã e logo após fui almoçar com a minha querida e digníssima amiga Úrsula. Confesso que passamos umas horinhas MUITO gostosas !!!!!!!

Mas o assunto de hoje é outro ... Ontem enquanto eu esperava o marido chegar do trabalho, senti uma vontade incrível de tocar piano e como o meu belo instrumento não estava aqui por perto, a vontade de tocar se transformou em uma incrível vontade de escrever tudo o que eu passei durante os 5 anos e meio de faculdade de música.

Em resumo ... saí escrevendo feito louca .... e talvez algumas palavras não tenham muito sentido ... mas esta aqui é mais uma pequena parte da minha vida, da minha história e de tudo o que enfrentei para alcançar meus objetivos.


Não sei ao certo o motivo, mais resolvi escrever um pouquinho sobre os meus tempos de faculdade de música.

Logo que passei na prova de habilidades específicas, a primeira providência a ser tomada era entrar em contato com os professores de piano da faculdade de música para saber qual poderia me dar aula. E este foi o meu primeiro problema. Os professores eram poucos e parte deles só davam aula para os concertistas (os melhores da prova de habilidade). Depois de falar com vários e receber muitos “nãos”, acabei com somente dois nomes na mão. Entrei em contato com as duas (X e Y) e como a professora Y demorou muito para me dar resposta, acabei me matriculando na turma da professora X.


Durante todo o primeiro período, esta professora X, ficou sabendo que eu cursava engenharia e da forma mais branda possível, volta e meia me dava uma alfinetada durante as nossas aulas. Até que cheguei ao final do período e fui proibida de fazer a prova final do semestre. Esta professora X, alegava que eu não estava preparada e ao me apresentar para a banca de professores, eu sujaria o nome dela. Pois bem ... apesar das duas palavras, da decepção e como eu realmente não me achava preparada, acatei as ordens desta professora e repeti o primeiro período de piano.


O que eu realmente não esperava era que após o período de provas, eu ficaria sem professora. Sim ... a “bonitinha” alegou que eu não tinha o nível que ela queria e por isto não estava mais disposta a me dar aulas.


Ok ... fui novamente atrás de outra professora. A primeira que eu tentei contato foi com a professora Y ... e querem saber o que ouvi ????


“- Infelizmente não darei aula para você, pois quando era para esperar uma resposta minha,vc não soube esperar e me dar a preferência, então fique sem professora”.


Este tipo de atitude dos professores de piano da faculdade, sempre me incomodaram demais. Eles achavam que eram os deuses supremos do piano,seres inabaláveis ... porém a realidade era outra, afinal, professores supremos viram g randes pianistas, conhecidos mundialmente e não ficam “marcando ponto” dando aulinhas de piano na UFRJ. Geralmente eles querem ser reconhecidos internacionalmente e não só em um mundinho pequenininho do eixo Rio – SP.


Enfim ... tive que brigar demais para conseguir uma nova professora. E com esta senhora maluquinha (minha professora), fui cursando semestre por semestre. Sempre fui honesta com ela e sempre deixei claro de que a faculdade de música era o meu “hobby de luxo”. Que sempre teria a engenharia como preferência.


Lógico que nada foi fácil ... Para variar, eu fugia totalmente do protótipo da estudante de piano perfeita. Exemplos clássicos disto :


 Quando eu tinha um tempo livre ao invés de correr para uma sala com um piano disponível, eu partia para a biblioteca para me entregar aos livros de cálculo.


 O aconselhável era ter unhas bem curtinhas e usar somente esmaltes brancos bem clarinhos. De preferência transparentes.


Pois bem ... dentre vários problemas pelos quais passei, por incrível que pareça, cheguei a ser reprovada em uma prova de piano por estar usando esmalte vinho !!!! E depois deste dia, eu jurei que NADA nem NINGUÉM iria me impedir de terminar aquela porcaria ... ops .... faculdade.

Puxa ... eu fiz curso técnico no Conservatório Brasileiro de Música, estudava deste os meus 7 anos ... será que eu era tão ruim assim ??? Será que só pq eu queria ter um diploma de nível superior em Bacharel de Música e não queria seguir a carreira, eu tinha que passar por tanta discriminação?? A música me fazia bem ... sentar ao piano em casa e tocar Debussy, Chopin entre outros, era o meu momento ... era quando eu podia largar este mundo de obrigações e sonhava com uma realidade impossível e deliciosa, típica de "meninas sonhadoras". Enfim ....


Como penei ... terminei TODAS as outras matérias no tempo certo (8 períodos), porém não posso dizer a mesma coisa do piano.


Quando cheguei ao fatídico último período, a minha professora maluquinha se aposentou e lá fui eu novamente atrás de uma professora.


Como não pertencia ao grupo da elite, como brigava pelos meus direitos e não aceitava tudo de boca fechada, eu passei a ter a pior de todas as famas da faculdade e absolutamente ninguém queria me dar aula e o detalhe: Era proibido não ter professor.


Fiz um acordo com uma professora : Ela apenas me matriculava na turma dela e eu estudaria com um professor particular, ou seja, estudava em uma faculdade pública mas pagava para "aprender".


Fiz a prova do 8º período e como era de se esperar escutei de uma professora de que por ela eu JAMAIS teria o diploma pelo simples fato de eu não ser o tipo de aluno que eles queriam lá dentro. Minha nota foi alterada discaradamente e de 7 passei a ter 5, sendo então reprovada.


Munida de toda a minha raiva por tudo que passei durante os 4 anos, obtive uma cópia da “ata” do dia de prova e fui na Reitoria da UFRJ. Iniciava-se assim uma guerra de dois anos.


Venci. Lógico !!! Acionei advogados, marquei inúmeras reuniões e mostrei para aqueles professores de que eu tinha razão e de JAMAIS eu desistiria do meu diploma de bacharel em música só por ser uma engenheira .


A Diretoria da Escola de Música me direcionou a outra professora e para quem achava que o pesadelo estava no fim ... engana-se. Fui humilhada diversas vezes, para poder ter aula eu tinha que ir até a casa da professora nos mais diversos horários que ela queria e passava boa parte das aulas tocando para ela enquanto as lágrimas escorriam dos meus olhos e sem enxergar direito, mais errado eu tocava e mais gritos e broncas eu escutava.


Enfim, chegou dia 24 de Outubro de 2008. Véspera do meu casamento. Era o dia do meu Concerto de formatura. Toquei . Para mim, foi a minha pior apresentação. Pelo nervoso, não consegui tocar nada décor e tive que contar com a boa vontade da professora para que as páginas das músicas fossem viradas. Por vezes, ela virou a página errada e eu tentava da melhor forma possível improvisar.


Consegui. Sim .... apesar de escutar alguns comentários péssimos e de extremo mal gosto, pude descer as escadarias do prédio principal, virar de frente para o corredor que dava acesso as salas de aula e com um belo sorriso (talvez um pouco sarcástico),pensar ... EU VENCI.


O ruim de tudo isto é que  as pessoas que conviveram comigo durante o tempo da faculdade de música ,não tiveram a oportunidade de me conhecer de verdade.Por causa dos problemas e da raiva, eu entrava na faculdade sem dar um sorriso, falava com pouquissimas pessoas (na verdade não queria papo mesmo) e sempre que dava, ficava de óculos escuros para poder analisar melhor o meu campo "inimigo". Eu sei que a primeira vista não sou a pessoa mais simpática,aberta e espontânea. Sempre estou com um pezinho e meio atrás. Mas com o tempo posso ser uma pessoa bem alegre, divertida e brincalhona (como sempre fui conhecida na faculdade de engenharia e por todos os lugares pelos quais passei).


Por que falei tudo isto ???? Por simples e vários motivos.


1- Estou com uma vontade enorme de tocar piano e o meu bonitinho não está aqui comigo. Como o transporte e a afinação teriam preços absurdamente caros, preferi deixá-los no Rio em boas e seguras mãos.


2- Para vocês conhecerem um pouco melhor esta Maitê que todos os dias pensa com o maior carinho no que vai escrever.


3- Este post foi um incentivo para que vocês NUNCA desistam dos seus objetivos. O que mais vai aparecer em nossas vidas, são pessoas nos colocando para baixo, nos desanimando, nos depreciando ... mas se você chegar a conclusão de que é realmente isto que você quer, LUTE até o final !!! O sabor da vitória não tem preço.

Beijinhos

10 comentários:

Danee disse...

Nunca imaginei que vc fosse uma pianista. Parabéns por nunca ter desistido. Será que não dá pra vc alugar um piano ai em Brasília.
Beijocas

Alexandra disse...

Parabéns, o que mais dizer? Poucas pessoas tem essa coragem, de garimpar os seus sonhos, desejos...

Bjos, gostei muito de saber um pouco mais de vc.

Rumo ao Altar disse...

Oie, Maitê!

Vim agradecer a força lá no meu blog!

Bjinhusss

Vivia disse...

Maitê, esse post realmente é uma verdadeira lição e fiquei muito orgulhosa da sua atitude! Irei lembrar disso quando eu quiser desistir de algo...

Um grande beijo!

Estou com saudades de você!

aninha disse...

Oiii flor!1
li tudo viu?
amei sua historia!
vc é uma mulher de garra mesmo...
eu teria desistido na primeira oportunidade....
Mais vc não!!!!
Qria ser assim igual a vc!
bjO

Thania disse...

Ai amiga, tocar piano deve ser uma delicia! Fora q é chiquerrimo!!!!! rs
Acho lindo mas nao sei tocar nem cai cai balão...rs

Bjooos

Anônimo disse...

Fiquei surpresa com o post. Ele é bastante encorajador, Maitê. Você foi forte, enfrentou tudo isso. Não sei sei conseguiria o mesmo. Parabéns!

JuH. disse...

Querida, vc toca ???? q lindo !!!

Eu aprendi violão e teclado qndo criança, mas só o teclado q eu cheguei a tocar e me apresentar, mas por diversão e não assim tão profissional e sério que nem vc !

A musica vive na minha familia, minha mãe toca piano, violão, flauta e flauta doce !

Meu irmão toca violão, guitarra e bateria e ta aprendendo Gaita !

Meu marido é feeeeeeera na Gaita e arranha na flauta !

Meu filho esta aprendendo Flauta e fica de olho na Gaita do pai

Hahahahahahaha, familia musical né ?

Um dia ... filma vc tocando e coloca aqui p a gente ver e ouvir !!!

Bjaoooooooooooo

Ju disse...

OI Maitê, linda história de luta e perseverança!! Fico feliz que vc tenha seguido com o sonho e conquistado ele, mesmo com todos os problemas! Parabéns, beijos!

Anônimo disse...

Não tem preço mesmo Maitê!
Não passo por tantas humilhações no curso de jornalismo, mas são muitas dificuldades! Na vida tb, até do meu pai já tive que ouvir poucas e boas, do tipo que vem de alguém que não acredita muito no seu potencial. Mas estou na batalha e um dia chego lá!
Não imaginava que vc tinha passado por tanta coisa.. O importante é que de alguma forma deu certo..

beeijO!